terça-feira, 10 de maio de 2011

Açores - Em São Miguel é recriada a apanha manual do chá

imagem do blogue Olhares Opostos

José Pacheco, da Fábrica de Chá Porto Formoso, que organiza anualmente o «Início da Colheita», uma actividade de animação turística e cultural que recria a colheita manual de chá, afirma que «o objectivo é não deixar perder toda a riqueza sociocultural e etnográfica que está associada a esta cultura», afirmou.

A iniciativa pretende preservar os usos e costumes relacionados com esta actividade, que já teve «uma grande importância económica e social nos Açores, especialmente nesta zona de São Miguel», salienta José Pacheco, referindo-se a uma área da costa norte da ilha onde se encontram as duas únicas fábricas de chá existentes na Europa, a Gorreana e a Porto Formoso.

Homens e mulheres, jovens e crianças, todos trajados a rigor, entoam cânticos enquanto colhem as folhas novas do chá, que depois serão enroladas em tabuleiros de madeira e secas em forno de lenha, numa recriação da colheita manual que deixou de ser feita no início da década de 60 do século XX, coincidindo com o início da emigração açoriana para os EUA e Canadá.

Aos homens cabe também a tarefa de transportar o chá entre a plantação e a fábrica, realizando ainda alguns trabalhos agrícolas e, tal como no passado, as crianças integram a reconstituição participando em jogos tradicionais.

«O número de figurantes é superior a 100», afirmou José Pacheco, salientando que não existe um grupo organizado, acabando estas recriações anuais por ser um encontro de gerações, que também atrai muitos turistas e residentes.

A maior parte dos figurantes reside na zona de Porto Formoso, sendo alguns filhos e netos de antigos trabalhadores da fábrica, mas há também muitos que residem na ilha e participam para reviver a colheita do chá como se fazia há 100 anos.

A apanha do chá, actualmente mecanizada, começa em Abril/Maio e prolonga-se até Setembro, sendo este o período em que a planta encontra boas condições de temperatura e humidade para o seu desenvolvimento.

O «Início da Colheita», que já vai na 11.ª edição, tornou-se um cartaz turístico da ilha, levando um colorido às plantações de Porto Formoso, que revivem a época em que a apanha manual do chá era a principal fonte de ocupação da mão-de-obra feminina no concelho da Ribeira Grande.

«Nesta zona da ilha, todas as jovens, antes do casamento trabalhavam na colheita do chá para arranjar dinheiro para o dote», disse José Pacheco.

notícia retirada de Café Portugal de 10 de Maio de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário